Aprendizado de Vida


Muitas pessoas costumam apenas pensar que o Projeto MEDensina lida com DSTs ou apenas drogas, e sem se delongar muito em outros assuntos relevantes, ou que não se desenvolve o conhecimento como os demais projetos da faculdade.


Muito engano pra pouca verdade.

Tenham paciência e leiam pelo menos a minha experiência em relação ao projeto. Se estiver com pressa, leia a parte em negrito, ainda pretendo passar nas salas do primeiro e segundo período para falar um pouco mais sobre o projeto.




 



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Conheci o MEDensina quando estava no segundo ano do ensino médio, e a palestra dada foi a de DST, a mais comum para o público de ensino médio. Assisti como qualquer outro aluno, com nojo das figuras e rindo dos momentos descontraídos. Então, o ano acabou, fiz meu terceiro ano e passei para Medicina.

Durante a semana do calouro de medicina, decidi não ir porque achava tudo uma enrolação e acabei não conhecendo os projetos. Após ouvir um pouco de cada, o que mais me interessou foi o Alfa, apesar de ter ido uma vez ao MEDensina e gostado da reunião. Sem delongas, acabei fazendo nenhum projeto no meu primeiro ano da faculdade, o que agora, no 3º ano, arrependo-me um pouco disso.

Durante o 3º período, no 2º ano de faculdade, eu estava em dúvida entre os 3 projetos mais conhecidos da faculdade de medicina, e pensava em fazer ou PET, Alfa e MEDensina, ainda com o preconceito de que não aprenderia muito ou de que aprenderia apenas sobre as DSTs.

Por princípios meus, decidi não participar nem do PET e nem do Alfa, visto que a seleção e alguns eventos ocorrem sábado e eu sou adventista. O que sobrava então? Só o desprezado MEDensina.
Pensei bem, tentei avaliar os lados positivos e arrisquei a seleção sem ter estudado nada. Ainda tive problemas para imprimir documentos no dia e achei que não faria a prova!

Resultado da 1ª fase: aprovado em último lugar dos 40. Iria apresentar sobre tabagismo na 2ª fase da seleção, porém, a apresentação seria na sexta feira à noite e eu precisava trocar de assunto para poder apresentar outro dia. Acabei pegando um assunto pior do que tabagismo, hepatites virais.

Já podia ter desistido, como houve com alguns na segunda fase, mas era tudo ou nada, como podia desistir se já estava ali?

Dediquei um dia todo e uma tarde para a 2ª fase, em meio a provas e desespero de trabalhos do 3º período. No fim acabei sendo aprovado entre os 15 primeiros dos 20 (isso porque havia passado em quadragésimo lugar na primeira fase).

Após toda a recepção, as reuniões começaram e o período passou sem muita dificuldade.


Nas férias, começaria a palestrar e vi que os assuntos eram os mais variados e que não dava para ficar sem saber coisas essenciais, vi outros assuntos que não fossem apenas DSTs. Mas o assunto que eu mais palestrava era o de drogas. Um parente próximo havia sido morto em decorrência das drogas, e eu percebi uma coisa, que nossas palestras poderiam ajudar a conscientizar pessoas sobre problemas de quais muitas escolas públicas e pessoas estão alheias. Vi alunos contando relatos de situações com as drogas, como se livraram, outros que não estavam nem aí e partindo desse princípio, minha abordagem foi diferente em muitas palestras.

Estreiamos o assunto Bullying e na primeira palestra vimos uma situação desanimadora, como crianças estão a margem dos cuidados que merecem e acabam se deixando levar pela violência, isso mexeu com todos os que estavam nesse dia, mas também, por mais simples que parecesse, algumas crianças pediram desculpas umas às outras. Lidamos com alunos durante duas semanas das férias, que mais pareciam diversão em alguns momentos do que a simples “obrigação” de palestrar, apesar de em outros, ser uma luta tentar ficar à frente de alunos (ah! como entendemos a dificuldade dos mestres que nos ensinaram, nossos queridos professores) e se alguém discorda, é porque deu as palestras por dar, e não é isso que o projeto quer.

Pela minha contagem, consegui palestrar junto dos meus colegas para mais ou menos 1.700 pessoas em umas duas semanas, fora os outros que palestraram em demais lugares o que aumenta mais ainda nossa contagem.

Vi como o projeto ainda pode melhorar e crescer e como eu posso fazer parte de algo realmente importante. Mas e você?

Todos dizemos que precisamos nos adaptar na faculdade para participar de um projeto, mas acho que o MEDensina é um projeto de base que edifica no acadêmico uma visão diferente da realidade, do modo de estudar e até mesmo de aprender e ensinar.

Saiba que ao se almejar o projeto, parte do seu tempo deverá ser sacrificado, porém, a pergunta é: você que quer o MEDensina, palestrará apenas por obrigação, por querer ter um projeto de extensão ‘qualquer’ no currículo, ou por achar realmente que pode fazer algo, mesmo que pequeno em relação às pessoas?

"E se eu passar e descobrir falhas?" Então nos ajude a melhorar e crescer, porque não existe projeto perfeito e nenhum nunca irá agradar a todos. E cada projeto tem sua importância.

O Projeto MEDensina não é só DST-AIDS, é uma ação que beneficia muito a comunidade e valoriza o próprio acadêmico.

E por querer valorizar mais esse projeto, eu ainda pretendo continuar no projeto para ajudar e quem sabe poder voltar algum dia como médico para ajudar mais estudantes e pessoas.


O que temos em mente para a 12ª geração do MEDensina? Aqueles que passarem na Seleção de 2012 irão descobrir. Mas acreditem, será diferente dos últimos 10 anos do projeto.

Sim, o texto ficou grande, mas pergunte se foi só isso o que vivemos nesse projeto e diremos que não. Cada membro que ajudou a edificar esse projeto deve ter orgulho de saber o quanto esse projeto ainda cresce. Ainda há muito o que descobrir para ficar perdendo tempo pensando: então, eu faço ou não faço o MEDensina?
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André Basualto
Acadêmico de Medicina da UFAM - 5o período
Membro do Projeto MEDensina 2011-2012

Um comentário:

  1. Excelente texto! O MEDensina é um projeto no qual você é desafiado a vencer inúmeras barreiras internas e externas e o sentimento de conseguir esta conquista ao final de tudo, não tem preço. É claro que nem sempre tudo sai do jeito como planejamos, mas só o simples fato de ter tentado e querer melhorar é algo grandioso. Que o Projeto MEDensina continue crescendo cada vez mais e sempre com o sentimento de fraternidade, sensibilidade, amor ao próximo...
    Um abraço! (:

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